No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Netflix lançou seu novo filme de princesa: Donzela. O lançamento conta com o protagonismo de Millie Bobby Brown, direção de Juan Carlos Fresnadillo e roteiro por Dan Mazeu.

O longa conta a história de Elodie, uma jovem princesa de um reino em ruínas que aceita se casar com um príncipe de um reino próspero para ajudar seu povo. O que ela não sabia era que seria sacrificada para que uma dívida antiga fosse paga, sendo jogada na caverna de um dragão. Durante o filme, Elodie tenta escapar do seu fadado destino, lutando para sair viva da caverna.

A atuação de Millie está sendo aclamada pelo público, e com razão! A atriz deu um show, passando a maior parte do filme sem contracenar com ninguém e sozinha em uma caverna. Millie conseguiu transmitir toda a agonia, dor e força da personagem. Podemos ter certeza que Millie Bobby Brown é a nova grande aposta da Netflix.

Me arrisco a dizer, também, que Millie foi a grande responsável dar vida a esse filme. O novo lançamento de um dos maiores streamings é uma grande homenagem ao Dia Internacional da Mulher, rasgando a velha narrativa da princesa em perigo.

Donzela mostra uma princesa que se sacrifica pelo seu povo, que desiste do amor pelo seu reino. Mas, além disso, Elodie é uma princesa que luta por si mesma. Ela luta para sair daquela caverna completamente sozinha, até achar força nos espíritos das outras princesas que foram jogadas naquela caverna. O filme trouxe a ancestralidade e força feminina, a união de mulheres que já foram enganadas e que jamais deixaram que outras mulheres passem pelo o que elas passaram.

Essa ideia é evidenciada na cena do esconderijo em que a dragão não consegue alcançar. Onde todas as princesas que chegaram até ali deixam seus nomes escritos na parede. Ou no final do longa, quando descobrimos a grande verdade sobre a maldição do reino e da dragão

Não temos um príncipe encantado que veio correndo resgatar sua princesa. A donzela é a sua própria heroína, seu triunfo é responsabilidade exclusiva dela. Chega de historinhas onde o príncipe chega no final da trama e rouba toda a cena, deixando a princesa com o título de “amor da sua vida”.

(Imagem: Reprodução/Netflix)

Um debate que acho importante levantar é como um filme com uma presença tão forte do empoderamento feminino é escrito e dirigido por homens. Aqui temos espaço para questionar a desigualdade de gênero dentro de Hollywood e mundo cinematográfico, como as mulheres dentro desse meio são desvalorizadas. Argumento sustentado por todas as premiações (não ganhas) de Barbie, filme dirigido e escrito por uma mulher. Acho que faltou o toque feminino na direção e no roteiro. Não que Juan e Dan tenham feito um trabalho ruim, mas quando falamos de potência de Donzela e de toda a temática do filme, uma visão feminina por trás das câmeras preencheria diversos pequenos detalhes vazios.

Quando penso em quais histórias de princesa eu gostaria que tivessem me contado quando criança, penso em histórias como a de Elodie. Uma princesa que encontrou sua força, que lutou sozinha e derrotou um dragão. Que lutou por sua família, seus ideais… que se vingou no final. Uma princesa que salvou gerações de princesas, que compartilhava a fúria de uma dragão.

Elodie entrou para o grupo de princesas como Moana, Elza, Merida. Princesas responsáveis por seus destinos, que se aventuraram e lutaram por seus povos, sua liberdade, seus direitos. Enquanto as princesas da Disney e Pixar (sim, Merida é a única princesa da Pixar) falam com o público infantil e constroem uma nova onda de pequenas princesas, Elodie conversa com o público infantojuvenil e reforça a mensagem do poder feminino.

Acho que está na hora de pormos um ponto final em certos clichês e abrirmos outros. Não me importo de ouvir mais e mais histórias onde a princesa é uma badass, a heroína, a vingativa.

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