Uma tradição foi formada para os consumidores do meio que se constitui em ir aos cinemas assistir as novas produções da Marvel. O gostinho de ver as grandiosidades e histórias que acompanhamos tomar as telonas era algo que enchia os olhos. Os blockbusters entregavam tudo, cheios de carisma e estruturas megalomaníacas que se confirmavam em suas bilheterias bilionárias. Era esse tipo de coisa que gerava discussão nas redes e entre os grupos de amigos. Era, pois as últimas produções murcharam em frente dos nossos olhos, mas felizmente isso mudou na última semana.

Quando Guardiões da Galáxia foi anunciado, eu sabia pouco sobre a equipe e de tudo que a Marvel Studios tinha adaptado. Esse era, até aquele momento, um território bem novo e acredito que para muitos que não são familiarizados com as HQ’s, esse sentimento era o mesmo: não saber o que esperar. Com um elenco, diferente dos personagens, de grande apelo público e um diretor competente, Guardiões logo entrou para um dos melhores filmes de apresentação e se tornou um queridinho da crítica e do público.

Após quase 10 anos, o terceiro volume chega com a missão de finalizar essa história de maneira satisfatória, mesmo depois de alguns deslizes da Marvel. Com James Gunn retornando à Marvel em meio a polêmicas, demissão e ter iniciado uma caminhada na DC – com o ótimo ‘O Esquadrão Suicida’, de 2021, e o spin-off centrado no personagem Peacemaker para a HBO Max no ano seguinte –, o diretor mostra o motivo de ter se tornado peça principal desse time.

A história do vol. 3 se passa após ‘The Guardians of the Galaxy Holiday Special’, o especial de Natal que foi exibido pela Disney+ no ano passado. Ao serem atacados por um Adam Warlock (Will Poulter), e quase serem derrotados, Rocket (Bradley Cooper) é ferido gravemente e sua vida só será salva se eles encontrarem uma senha que decodifica o interruptor que está preso nele.

Nessa busca, somos levados a Orgosfera e, consequentemente, ao Alto Evolucionário (Chuckwudi Iwuki), um cientista que busca aprimorar a genética e formar uma raça perfeita, enquanto destrói vários seres nesse processo. No decorrer dessa trama, também conhecemos mais sobre o passado do Rocket, sendo apresentados a figuras que conviveram com nosso amado personagem e a tudo o que ele passou nas mãos deste, que para mim, já entra na lista de um dos melhores (ou piores?) vilões já apresentados no MCU.

Já os nossos heróis, com a ajuda de uma Gamora (Zoe Saldaña) que agora se tornou uma saqueadora, invadem a Orgosfera e quase são capturados e mortos. Um dos pontos interessantes é ver o desenvolvimento de todos os personagens diante de todos esses anos e acontecimentos. Ver o Peter Quill (Chris Pratt) demonstrar a dor de todos as perdas e ter sua amada tão próxima, enquanto ela não sente o mesmo que ele – pois não é a mesma que conviveu com ele; a Nebulosa (Karen Gillan), que de uma vilã sanguinária se tornou uma peça fundamental para os Guardiões e tendo um carinho extremo pelo Rocket; a relação de Mantis (Pom Klementieff) e Drax (Dave Bautista) e toda a dinâmica do duo; e Groot (Vin Diesel) que tá cabeçudo.

(Cena de “Guardiões da Galáxia Vol. 3/Marvel Studios)

Toda caminhada até o último ato é muito bem construída. As cenas de flashback proporcionam uma grandeza e trabalho que funcionam perfeitamente. O personagem do Rocket sempre foi um dos mais carismáticos e amado pelos fãs, e ver todo o sofrimento que ele passou, seja para se tornar o que ele é, como em sua peregrinação pré-Guardiões, é de doer no coração. Se eu pudesse dar um prêmio de atuação para um guaxinim, ele levaria todos. A cena em que ele, movido pela raiva, retalha a cara do vilão e foge da prisão proporciona várias emoções.

Em meio a todas as possíveis mortes, temos uma conclusão incrível para uma trilogia super importante. Todo o filme mostra o porque de James Gunn ter uma identidade em suas produções, e apenas ele conseguiria dar um final a obra que ele iniciou. Todo o elenco e equipe entregam seu melhor, desde os principais até os pequenos personagens que são apresentados durante a produção. É como se você estivesse assistindo uma HQ de seu início ao fim. Mesmo sabendo que o bem vai vencer o mal, a jornada não deixa de ser incrível. Por mais que, mais uma vez, um grande vilão seja desperdiçado em apenas uma produção, seu potencial foi muito bem apresentado.

Toda a ambientação, o trabalho de efeitos visuais, sonoplastia e trilha sonora fazem deste um grande produto da cultura pop. Impossível não querer cantar junto logo no inicio quando toca uma versão acústica de ‘Creep’ da banda Radiohead, em meio a todo os sentimentos dos personagens em Lugarnenhum, a referência ao flopado Zune que tinha como objetivo bater de frente com o iPod lá em meados do meio de 2000’s, ou a tantas outras que foram feitas durante todo o filme, finalizando de forma magnífica com o grande hit ‘Dog Days Are Over’ da Florence + the Machine. Simplesmente saboroso na medida certa.

A saga dos Guardiões da Galáxia pode ter sido finalizada com essa formação, mas já tivemos o que pode ser a introdução de uma nova equipe para o futuro. Com uma finalização digna, que faz até a gente esquecer a monstruosidade que foi o último filme da Marvel Studios no cinema. Com uma estrada sólida, o vol. 3 entra com toda certeza na minha lista de melhores produções do MCU.

Tudo isso pode ser um belo “adeus”, mas com toda certeza espero um “até logo”. E, de acordo com a mensagem final, pelo menos um desses personagens já está certo de voltar.

Nota: 10/10

PS: Quem tem pet sofreu assistindo esse filme e teve vontade de sair correndo para casa para abraçar seus queridos.

PS 2: Ao final do filme somos apresentados a uma personagem chamada Phylla, que é interpretada pela fofa da Kai Zen, que nas HQs é filha do Mar-Vell, chegando a se tornar uma Capitã Marvel. Será que veremos mais dela nas produções da Marvel?

 

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