Fazia tempo que eu não trazia um filme específico para ser tópico aqui no Aterrorizadan. Mas isso muda hoje, pois vou falar de um dos meus filmes favoritos da última década. It Follows, ou Corrente do Mal, como foi intitulado no Brasil, é um filme de 2014 que pra mim, trouxe todos os elementos que fazem uma ótima obra de horror.

Roteirizado e dirigido por David Robert Mitchell, que fez o ótimo O Mistério de Silver Lake em 2018. Aqui, somos apresentados logo de início a uma perseguição onde o perseguidor não é mostrado na câmera. Uma garota visivelmente assustada, foge dessa figura invisível até uma praia, onde se despede dos entes amados e no próximo corte, aparece destroçada. Logo de início, uma das coisas que mais chama a atenção é a fotografia do filme o jogo de câmeras, que para mim, reflete muito o cinema setentista.

Logo em seguida, conhecemos nossa protagonista Jay (Maika Monroe), uma garota normal, típica vizinha bonita dos filmes estadunidenses, que está de rolo com Hugh (Jake Weary). Após um encontro estranho, Jay e Hugh tem sua primeira noite de amor, o que logo se transforma em um pesadelo. O rapaz dopa Jay e a amarra em uma cadeira de rodas e começa a agir estranho. Falando coisas sem sentido, sobre ter passado algo para ela durante o sexo e logo aparece uma mulher nua. Nada faz sentido.

(Imagem: Divulgação)

Hugh leva a garota para casa e a avisa sobre algo que vai segui-la, que ela não deve deixar a coisa tocá-la e que precisa passar adiante a “maldição”. A partir desse momento, coisas estranhas começam a atormentar a vida da jovem, e só ela consegue ver. Ela se une com seus amigos e descobre que na verdade Hugh se chama Jeff e vai tirar satisfações com ele. O interessante aqui, é que nada foge muito da realidade e mesmo sem ver, os amigos dela confiam nela e tentam a todo custo ajudá-la.

Hugh/Jeff avisa que a “coisa” que a persegue vai aparentar ser alguém que ela ama ou um desconhecido, e que por mais que ele seja lento, ele não é burro e não vai desistir até, finalmente, toca-la. Logo, ela precisa passar adiante para que a maldição não chegue nela. Com isso em mente, nós telespectadores entramos na premissa do filme e junto com a personagem, buscamos saber se a pessoa que ela está vendo é real ou não. É como um jogo de gato e rato.

Vocês já devem ter percebido que o filme é uma metáfora sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e como elas “funcionam”. É um inimigo invisível, onde pode vir de qualquer lugar, de qualquer pessoa. Pode ser de alguém que você ama ou de alguém que você nunca viu na vida. Novamente, o cinema de terror utiliza da moralidade para tratar de maneira interessante sobre costumes sociais. O sexo é uma forma de passar a maldição, e para sobreviver você tem que passar adiante aqui. Mas isso não vai te salvar para sempre, uma hora a “coisa” volta pra você, pois ela nunca te deixou de fato.

Corrente do Mal lida muito bem com a construção do roteiro. Tudo é trabalhado de forma gradual, sem ideias mirabolantes e sem solução de conto de fadas. As regras que foram criadas se aplicam até o fim e a única coisa que a Jay tem a seu favor, é seu círculo de amigos e o amor que eles sentem por ela. Eles farão de tudo para ajudá-la e lutar contra algo que apenas ela sente, vive. Isso tudo ocorre sem cair na pieguice e na breguice.

(Imagem: Divulgação)

Além de um roteiro e direção segura, Corrente do Mal conta com um elenco muito bom e devo dizer que a Maika Monroe tá incrível no papel. Eu simplesmente me apaixonei por ela desde que assisti esse filme pela primeira vez. Além disso, o filme conta com uma aprovação da crítica de 96% no Rotten Tomatoes (ele já chegou a ter 100%).

Eu considero Corrente do Mal um dos filmes que pavimentou o novo cinema de terror, onde o interesse do público aumentou por esse gênero e trouxe mais “credibilidade” na área. Como já falei aqui, a categoria sempre foi bastante esquecida no churrasco, mas nos últimos tempos, com o nascimento de obras mais conceituais e o crescimento da A24, o terror passou a ser querido e até exaltado. Mas isso vamos deixar para outra discussão.

Nota: 10/10

Onde Assistir? Netflix 

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